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Espaço verde é resistência

  • Foto do escritor: Ídris Paes
    Ídris Paes
  • 18 de fev.
  • 3 min de leitura



O primeiro local de referência dos calouros de Ciências Sociais é o Espaço Verde, ou pelo menos é isso que foi pra mim. Apesar de ter visitado outros espaços antes de conhecer o Verde, durante meu primeiro ano foi o meu ponto de encontro com amigos e conhecidos. Era lá que eu ia para ver se encontrava algum rosto familiar, ou só para sentar em um sofá e esperar alguém aparecer. Era pra lá que eu ia quando tava sem saco pra ver a aula, e quem sabe tomar uma cerveja e jogar uma sinuca pra descontrair do dia de trabalho. Durante o meu primeiro ano todo foi assim. Tenho inúmeras fotos no Espaço Verde, lembro da minha festa da SECS, em 2023, o dia que vi aquele espaço mais cheio e reconhecido pelos estudantes enquanto o nosso espaço estudantil. Era tudo nosso. 


Ainda em 2023, tive a oportunidade de participar de uma greve estudantil com ocupação na vivência. Como militante secundarista, sempre tive curiosidade em entender como a ocupação agrega nas reivindicações e a paralisação das atividades de uma instituição. O Espaço Verde foi nosso local de ocupação, que nos deu controle do prédio após o piquete, o espaço político em que pudemos realizar assembleias com direito a todo tipo de opinião, que fizemos atividades todo santo dia, que conheci muita gente nova do meu curso que eu provavelmente nunca conversaria em outros contextos, que joguei jogos e dormi algumas noites pra manter aquela ocupação funcionando ao lado de meus colegas de curso. Foi assim durante 1 mês, suficiente para fortalecer a minha conexão com o Espaço Verde, tornando-o parte do curso de Ciências Sociais.


No meu 2º ano, em 2024, passei a frequentar menos o Verde, mas ainda tenho ótimas lembranças dos jogos de sinuca, festa da SECS, sexta do rock e conversas no sofá sempre com pessoas aleatórias que eu esperava aparecerem por lá. 


Com a notícia da construção do novo prédio, da transformação e fim do Espaço Verde como conhecemos, ficou difícil não pensar em tudo que esse espaço poderia ter sido e ainda pode ser. Não é uma questão de construir uma nova vivência, mas que uma reforma foi decidida sem que os estudantes que frequentam o Espaço pudessem fazer parte do processo.


Além disso, a salinha do CeUPES, espaço muito especial para aqueles que já foram gestão e agregados que já passaram por lá para tomar uma cerveja e bater um papo, também será demolida. Levando os pixos e decorações das paredes e o nosso principal espaço de organização e mobilização por tempo indeterminado. Você já pensou como é ser CeUPES sem ter uma sala de referência para se organizar? Nosso espaço é fundamental para a promoção de eventos, ponto de referência para os estudantes e, especialmente, de autonomia estudantil e política.


Não sabemos quanto tempo essa reforma vai durar, e a nossa próxima vivência foi planejada sem participação estudantil. “O projeto já existe há 20 anos”. Há 20 anos eu estava nascendo, e os estudantes desse período já estão mais longe da faculdade do que eu estava ao nascer. Conversei com uma estudante de 2006 e perguntei se ela tinha lembranças, e disse que muitas! Mas infelizmente não tinha fotos ou registros.


Não quero tornar esse texto um luto, mas uma motivação para que os calouros de 2025 possam conhecer o Espaço Verde e se apegar a ele tanto quanto eu me apeguei. Que possamos fazer uma manutenção coletiva que torne o espaço agradável para todes, de fato uma vivência que os estudantes queiram passar seu tempo. Quero poder voltar para o Espaço Verde no futuro e me lembrar do começo da minha graduação, e não pisar em um corredor de passagem para o prédio novo, com uma porta para um Verde completamente reduzido e diferente que não representa os estudantes.


Abaixo, algumas fotos que eu tirei no Espaço Verde nesses últimos 2 anos.


O VERDE É NOSSO! POR MEMÓRIA, AUTONOMIA E PERMANÊNCIA











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